domingo, 8 de dezembro de 2013

- Carcaça e vazio.

Imóvel é o meu estado físico, permaneço simplesmente parada de uma forma opaca e sem vida. Abalado é o meu estado emocional, ele se embaralha e rodopia pela mente fazendo-me pensar. O grande mal da humanidade; pensar. Tudo parece girar aos olhos nus, mas pouco eu enxergo, parece que o barulho do oco me incomoda: não existe nenhum som, não existe nada em mim. Sinto-me insana por tentar compreender o incompreensível e, logicamente, não obter sucesso, pois isso tudo está dentro de mim e eu mesma não sei dizer o que é, como alguém pode seguir assim? Parece que estou flutuando, não no sentido de liberdade, mas sim no de estar perdida. Olho para quem sou e encontro... Bem, nada. Portanto, desencontro. Desencontro-me cada vez mais, como se fosse apenas carcaça e vazio.
De repente tudo o que um dia fui não sou mais, é como se algo houvesse me roubado de mim mesma. E como hei de me recuperar? É somente perca de tempo e dores de cabeças. A conclusão do óbvio me chega aos olhos e então se transborda em lágrimas cujo nada se facilita. A garganta fica seca e se arranha, mas não é da água que eu anseio. A minha escassez é de respostas.
Talvez se eu pensasse menos, buscasse menos pela clareza, não me sentisse tão sufocada. Eu viso o entendimento de uma pessoa que sempre conheci tão bem, vou atrás do meu eu e não o vejo, quem já fui? Quem sou agora? Quem serei depois? Algumas vezes parece até que não existo, não sei nem quem sou, quem dirá o restaste. Nessa incessante procura que mantenho-me vou piorando gradativamente, porque nunca sou respondida, tampouco uma dica me é dada para tentar encontrar, seja lá o que for. A partir daí irrito-me, agonio-me e é isso. Enxergo mais uma vez o ser vazado que me tornei, e suplico novamente pelo saber, para onde foi o que me preenchia num passado remoto? Para onde será que fui eu? Eu não me sinto mais em canto algum. - Gabriela Andrade e Tainá Andrade.