sexta-feira, 14 de março de 2014

- Ainda serei amada?

Em qualquer dia, em qualquer hora ou lugar, uma série de pensamentos pode te penetrar, e você precisa buscar a cautela. Primeiro olha para o teto, depois para o chão e novamente para o teto, dai tudo parece confuso e o mundo não para de girar. Teto-chão-teto-chão, é a sua única certeza.
O seu primeiro pensamento é lançado até a sua caixa cerebral e a bombardeia, em seguida, o sangue pulsa e a saliva parece ficar escassa porque uma maldita ideia te assombra... Espere, tem alguém ai? Só pode ser o ventilador!
De repente o "tic toc" do relógio não é só um barulho irritante, é também um medidor de pensamentos, o barulho ecoa nas caixas sonoras e o amplificador é ativado: "Porra!" Teto-chão-teto-chão... Voila! Não se sabe mais o tempo que a inércia durou.
Depois de um tempo em silencio, é possível sentir os neurônios serem queimados como fiapos de velas, o seu pensamento estragou tudo. Concluiu que de nada serve a vida e que não se pode dizer para ninguém, na certa te chamariam de louca. Mas o que seria ser louca? Quem é a maldita medicina para dizer que a sua loucura foi atingida?
Para que servem os remédios que te fazem querer dormir e olhar para o teto-chão-teto-chão? Alguém te ama mesmo se você é assim?
As caixas sonoras repetem: Porra,porra,porra,porra.... E então o músculo soca a porra da parede e seus dedos sangram, você esta viva! Porém, ninguém te ama por isso.
A pessoa não te ama, ela ama aquilo que você tenta refletir... O seu eu-lírico é guardado a sete chaves, na escuridão, no porão abandonado. Então você luta, pede socorro e tenta transmitir pelo menos uma ou duas partículas daquilo que pode ser considerado um pedaço de ti, mas não importa quantos arranhados na garganta vai adquirir, não importa o tamanho e a duração da sua rouquidão, o fato é que você jamais vai conseguir mostrar sequer essa maldita partícula, porque há um bloqueio, há uma serie de questões filosóficas.
E se eu for o que sou, ainda serei amada? E se souberem que não sou tão normal assim, ainda serei amada? E se, por acaso, as coisas fugirem do controle novamente, ainda serei amada?
Por fim, o questionamento é descartável, você volta pra realidade e percebe que o amor que deseja é algo inalcançável. Amam somente o reflexo, a sua imperfeição é totalmente brutal para ser transmitida. Seria uma versão reversa do romantismo? Seria o seu lado sociopata? 
 Não se pode muito saber, por isso eu volto a encarar o teto, mas somente o teto. - Gabriela Andrade