sexta-feira, 25 de outubro de 2013

- Eu sou matéria.

Quando era costume visitar a igreja, eu ouvia o padre dizer por alto que a Igreja somos "nós". E o que seriamos nós? Carne e osso?
Até pouco tempo nunca me perguntei isso, achei que fosse o tipo de pergunta que não fazemos, mas questionamos - se é que é possível - a nós mesmos desde sempre, e quando eu digo "sempre", quero dizer desde o surgimento da humanidade, antes mesmo de Jesus. Esta pergunta nos atormenta antes mesmo do surgimento das leis do certo e do errado.
Adão e Eva certamente não sabiam quem eram, não poderiam ser só barro e costela. Nem mesmo o primeiro primata, ou a primeira bactéria - depende do que você acredita - sabiam o que eram. Como posso saber eu?
Quem sou?
Carne e o osso?
Não. Sou mais do que matéria.
Sei que ocupo espaço, - ás vezes acho até que essa é minha única função - sei também que partículas de oxigênios estão se movimentando aqui dentro. Mas é somente o que a ciência diz? É somente matéria e ocupação de metro quadrado?
Não. Eu não sou só matéria.
Eu sou alma impulsionada a liberdade. Eu tenho o grito embolado no nó da garganta, sou o Sol que queima o coração. Cada batida por segundo tem um pouco de alma. O que é alma?
Possui matéria?                                               
Eu não sou só matéria!                                    
Eu sou o que criaram de tão mal grado, tenho como eu as feridas no punho que hoje cerro
inconscientemente. Este é o lado obscuro, o mais atraente aos olhos. O pecado sou eu.
Eu sou cada sorriso distribuído e renegado, sou o sabor salgado de lágrimas doentias. Tenho como eu o sofrimento e o prazer, lado a lado.
Sou carne e osso?
Se as vezes tenho vontade de arrancar o coração do lugar é somente para vê-lo sangrar e, assim, me sentir viva. "Pois a liberdade é como o Sol, é o bem maior do mundo". E eu sou alma impulsionada a liberdade, sou matéria, sou carne e osso e sou o que criaram de tão mal grado.
Eu sou o que habita em mim.
Eu sou a criação.
Gabriela Andrade.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

- O texto de merda.


A maioria dos meus textos eu escrevi quando estava inspirada e sempre tentei expressar o sentimento que circulava sobre mim naquele momento. Todos os textos foram escritos para ser lidos, apesar de as vezes escrever mais pra mim do que pra ti eu sempre me perguntei “O que eles vão achar?”. Tenho como objetivo chamar atenção para aquilo que me sufoca, todas as ideias já enfatizadas em palavras foram de verdade, mesmo aquelas que eu jurei não sentir: leia, vê se ta igual ao que tu sente.


“Sim, tá.” Droga eu odeio isso.


Eu amo receber elogios sinceros, acho que todos nós gostamos. Eu sorrio com cada palavra de agradecimento, apoio, ansiedade e até mesmo inspiradora. Mas dessa vez eu só quero te passar uma ideia, juro. Não vou ficar mal se você odiar esse texto, só ame a ideia que aqui expus.


A ideia: Nunca vi ninguém escrever algo sobre aquilo que nunca foi visto. Nunca.


Quando eu era pequena eu costumava vendar os olhos e tentava descobrir o que segurava na mão através do toque, ofato e pura adrenalina. As vezes eu descobria o que era, e as vezes não. Sentia que tinha patas e que fedia, jurava que fosse barata. Mas era largarta.


Você deve esta se perguntando agora: “E quando a pessoa escreve de Deus sem ter visto Deus?” ( Eu sei que você não estava se perguntando, mas esse foi o exemplo mais "fodástico" e filosófico que eu pensei para enfatizar a ideia.)


- Cada um tem o seu Deus


Ao contrário do que muitos pensam, Deus não tem barbas. Um dia eu o vi, - juro por Deus - eu vi Deus. Ele não era feito de matéria, ou seja, não ocupava espaço algum. Ele não era luz, não refletia ou iluminava. Ele era amor.


Deus é amor, apesar de tanto ódio, guerra, mentiras… Deus é aquele ponto de paz bem no final, tem esperança em Deus. Eu te escrevo isso porque um dia eu vi.


Um ateu também pode escrever sobre Ele, apesar de jurar que não acredita eu sei que no fundo este mente. Ele acredita sim em Algo, talvez não denomina de Deus, mas acredita em algo que também não é matéria. Talvez só enxergue a vida de outra forma, não errada ou certa. Só outra forma.


“Ainda não entendi a ideia”


Desculpa eu falei demais, eu expus demais e não expliquei bulufas.
O  fato é que: A visão é o de menos para se enxergar, precisa do toque, do sentimento. E tu nunca vai saber escrever sobre algo que nunca viu, só vai levantar teses - malditas teses falsas. O homem não vive de teses, ele é ambicioso e precisa de mais. Precisa do sofrer e do renascer.


E se tu acredita naquilo que nunca viu, se engana. Você esta perdido, você morreu.


Ps: Denominei o texto como “O texto de merda” porque ao contrário dos outros eu não o escrevi como inspiração, sinto muito. Eu sei que talvez ele não tenha sentido, porque eu não escrevi pra ti, eu escrevi pra mim. Tu nunca vai entender ele se não for eu. Você só vai criar teses, e não é só de teses que o homem vive.


Ps número dois: Se quiser debater sobre ele eu ficarei feliz em expor mais um pouco o que acho. Pode me chamar no facebook, twitter, whatsapp, orkut, pessoalmente ou até mesmo pela coruja de Hogwarts. Não se sinta intimidado.


Ps número três ( e ultimo): “Não vou ficar mal se você odiar esse texto, só ame a ideia que aqui expus.” Talvez eu fique mal se você odiar.



Te peço, tente escrever sobre o que você nunca viu
Tente transformar em canção
O que há no seu coração
Se é que já não está vazio...
Se pra você não é nada, são só palavras” - Fresno “Esteja Aqui”


Com amor,
Gabriela Andrade.


domingo, 6 de outubro de 2013

- 3h00

Algo me estremece, pulsa em minhas veias e bombeia o meu coração tentando dizer que eu devo parar, simplesmente parar, e temer. É assim que me sinto quando percebo que tudo ao meu redor muda, independente das minhas escolhas. As pessoas vão se afastando e são carregadas para longe feito pó, e tudo o que me restam delas é a pequena quantidade que eu devo varrer até as minhas mãos se calejarem. E todo trabalho de varrer ter parecido feito em vão, porque sempre vai ter algo ali, - quem sabe até mesmo uma pequena partícula atômica - pra lembrar que um dia elas -as pessoas- também estiveram lá, ao meu lado. E na memória tudo se multiplica por mil vezes mais, pois não tem como varrer a mente e simplesmente me esquecer. Isso deve ser feito naturalmente, e as coisas naturais são demoradas demais. Na calada da noite, os sentimentos se reviram em meu estomago: amor, ciumes, ódio, medo e solidão. É tudo tão incerto e paranoico demais: "será que ela liga?", "será que devo amá-lo?" e o que tenho como resposta são os ecos que a minha tão suja e nefasta mente produz. "Hei de ser feliz" penso em dizer, mas as palavras não saem, parecem erradas e vagas, proporcionam-me medo e um arrepio na espinha, eu não posso dizer isso. É tudo tão abrangente e com tão pouco espaço, tão infinito e tão curto período. A lucidez parece escorrer pelas mãos já arranhadas e molhadas de suor, eu não consigo simplesmente agarrá-la, seria como se a ordem natural fosse quebrada: você se descontrola e se reativa novamente. É assim. Sempre foi. Isso me assombra e o que eu quero é gritar pedindo socorro, mas decido que não o farei. Não adianta. Então eu sei que no fundo eu estou só, sei que não há ninguém por mim. Absolutamente ninguém. Não pode ter. "Como pode haver alguém se não cabe nem metade de si em ti mesma?", é a ultima coisa que me permito pensar.