sexta-feira, 27 de junho de 2014

- Crescer, conhecer e sentir.

Eu não sabia que crescer fosse sinônimo de frustração, achava que um ou dois pelos pubianos iriam nascer pelo meu corpo e eu poderia muito bem raspar, e quando eles crescessem de novo poderia optar em deixar ou acabar com eles novamente. Mas ao longo dos anos, percebi que, junto com tais pelos, surgiam também novos problemas, novos afazeres, e meu corpo explodia de tanto hormônio em movimento. Vi que crescer não seria somente mudanças biológicas, eu tive que encarar uma outra visão de mundo. Comecei a ler, comecei a me relacionar com novas pessoas, comecei a sair de casa, comecei a gritar com meus pais, comecei a beber, comecei a querer morrer, comecei a amar, amei, amei muito, me decepcionei e comecei a desejar a morte como ninguém… E no meio de tantos começos, parece que eles se uniram e eu criei um cotidiano. A vida ficou parecendo mil rabiscos sem pontos para serem ligados, o mundo, tava mais pra um tumor em estagio terminal. E toda aquela infinita tristeza me pegou e se apossou de mim, como um rei se apossa de seu servo. Foi quando eu me cansei. Ergui a cabeça e sai para mudar o mundo, mas como? Nem consigo mudar a mim, quem dirá o mundo.

Adotei novas ideologias, ou descobri que elas estavam lá o tempo todo…Quis gritar e ditar o que era certo ou errado, de certa forma, ser Deus. Fui me tornando cada vez mais realista e detalhista, consequentemente, rude e fria. Perdi a noção do que era enamorar alguém, também me cansei de festas e toda aquela bobagem de acasalamento, por assim dizer. Afinal, quem precisa disso? Existem coisas mais importantes, ou vai ver eu só tenha medo de amar.

Vejo que sou tão complicada, que a vida é. De vez em quando brota esperança no peito e ele arfa novamente, de vez em outra tenho medo de me tornar uma burocrata… Como disse, eu sou complicada, sou insegura também, sou parecida pra caramba com alguém nesse mundo, mas também sou única.  E eu sou a mudança em pessoa, não tem como se agarrar a mim, eu não me agarro. E a vida vai seguindo, e ainda tem tanta coisa a ser vivida, tanta dor de cabeça para ser sentida...

E os malditos pelos pubianos continuam a crescer...

                                                                                        - Gabriela Andrade