quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

- Bela

És tão complexa como um labirinto, mais infeliz e insegura do que as coisas mais desconexas. Como um cachorro abandonado num dia chuvoso. Tão encolhida, precisando de um afago, de um elogio sincero... Só querendo ser amada. Ou só precisando de alguém que a enxergue, no canto, apagada.
Possuidora de um potencial enorme, de um querer ser deusa. Deusa plena da beleza empoderada. Em seus olhos tem um desejo de rasgar as vestes, dizer pro mundo o quanto necessita sentir-se bela. Teu potencial é tão absurdamente grande, mas ninguém a estuda, ninguém a incentiva. Então a fazem grão. Um grão no meio do mundo, moído e esquecido. Deixado ao chão para ser reciclado, é assim que ela sente cada passar do dia. Percebe que o mundo é tão grande e ela não é nada além do querer ser. Mas se alguém a dissesse que de fato é... Ah, se dissesse...
Consegue lembrar do quanto desejou um outro alguém, do quanto, um dia, só quisera devorar toda a beleza do ser, quis saber o sabor do prazer. Agora só espera a reciprocidade de um outro alguém, mas não sabe ao menos quem.
Na esperança de um dia ser vista, de um dia ser amada, esquece que tem olhos -mesmo que míopes- e pode enxergar a si, esquece que é possuidora de um sentimentalismo -mesmo que vago- e pode muito bem amar a si.