terça-feira, 19 de agosto de 2014

- Desde pequena, Maria.

Maria.
Desde pequena.
Não respeitava o sistema, tão pouco o patriarcal.
Em sua cabeça, nenhum homem era o “Tal”!
Saia na rua de calça ou bermuda,
até que um dia, te impuseram a burca!
Ela rejeitou, gritou e manifestou,
e a burca não usou!
Sabia que assim lutaria contra o seu opressor!
Maria, desde pequena,
gostava de bola, e pulava o muro da escola.
Sorriu e berrou pro mundo
quando seu diploma segurou!
Desde sempre Maria chorou,
o choro oprimido, com mágoa e rancor,
Mas foi num dia chuvoso que seu choro secou,
quando um macho opressor a estuprou!
Não tinha lágrimas.
Não tinha palavras.
Sua voz foi apagada,
e te chamaram de culpada!
“Tava sem burca, usava bermuda!”
Se fodeu, vagabunda!
Maria, então,ficou perdida,
não encontrava mais saída.
Com a arma do pai,
deu um passo pra trás.
E o movimento do dedo no ferro gelado,
lhe trouxe paz!

- Gabriela Andrade 

(Dedico este poema a todas as pessoas que já foram vitimas da misoginia e do estupro! De burca ou pelada, NINGUÉM merece ser estuprada!)