sábado, 29 de setembro de 2012

- O café esfriou, e minha alma, o vento levou.


O inverno, sem duvidas, sempre foi a minha estação preferida. Talvez seja pelo barulho da chuva, ou o sabor de liberdade que eu sinto a cada nova ventania que passa tão sonolenta pela minha pele, causando assim, um leve arrepio. Admiro a chuva que chega de repente e com ela traz aquela velha sensação de “preciso permanecer deitada e aproveitar esse barulhinho tirando uma soneca”. Observo as folhas caindo tão devagar, e o vento, como em um piscar de olhos, levando-as para a imensidão... Pergunto-me se não foi assim, ou de uma forma brusca, que ele levou a minha antiga e mórbida alma, que um dia em mim, se habitou.
Os dias estão mais lentos do que nunca, a frigidez do vento me assusta. Estou tão só. O inverno, que antes, me causava momentos felizes naquele velho balanço lá da casa da tia enquanto eu observava as folhas voando para tal imensidão, hoje me proporciona um certo medo.
Adquiri costumes que me fazem, de certa forma, melhor. Por exemplo, hoje eu tomo dois ou seis copos de café, fumo dois ou quatro cigarros, ou tomo um ou dois goles de vodca. Dizem que é exagero demais para tão pouca idade. Eu não me importo. Porém, todos esses costumes, com o tempo, perdem a graça. Veja bem; o café ainda tem sabor doce, porém, esfriou.
Estou longe daquilo que me faz bem. Estou a quase décadas longe dela. (Talvez, não décadas, talvez dias... Mas os dias estão lentos demais, então direi que são décadas. ) Eu sinto saudades do perfume dela, o único cheiro que me agrada e me deixa tão bem quanto a sensação de sentir o aroma daquele antigo café que, um dia, me proporcionou momentos de prazer. Sinto saudade do beijo dela que, de certa forma, se tornou melhor que aquela tão suave tragada naquele azedo cigarro, mas nesse caso, o beijo tem sabor doce. Sinto saudade da presença dela... Aquela presença que me tira do sério. Com ela por perto, me sinto bêbada, mais bêbada do que quando tomo os um ou dois goles de vodca. Minha pele soa, meu coração acelera, e a felicidade chega tão depressa... Sinto-me bêbada de amor por ela. Mas ao contrário de todos os vícios, cujo perdem a graça com o tempo e me machucam de alguma forma que nem sei lá eu como é, ela me deixa cada vez melhor e cada vez mais viciante sobre mim é o efeito dela. O meu maior vicio é ela.
Posso assim, dizer que, encontrei a morfina que eu tanto esperava. Ao lado dela meus dias se tornaram segundos. E de uma coisa eu sei; meus melhores segundos vão ser ao lado dela. - Gabriela Andrade. 

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