sábado, 3 de junho de 2017

- Inefável

Eu estava procrastinando e vendo umas fotos do meu celular e acabei por encontrar uma foto sua. Na verdade, para ser bem sincera; estava naquela pasta que eu criei só de fotos suas. A saudade bateu, até que descobri um efeito doido do iPhone que faz a foto mexer e quando eu menos esperei você estava lá, com a mão no rosto e sorrindo ao olhar para mim, você sempre faz isso. Sempre. É sempre o mesmo olhar. Um olhar que penetra e faz as vísceras se estremecerem, faz meu corpo arrepiar todo e meu coração quase explode de vontade de te agarrar com toda força do mundo. Mesmo sabendo que quando eu faço isso a força se esvai, o corpo fica bambo e a única  vontade que eu tenho é de me derreter em ti. Eu juro que consigo visualizar cada parte do meu corpo transpassando a cada parte do seu, e isso tudo em um abraço. Eu não costumo sentir isso, é algo que mexe com o meu lado carnal em um nível tão subatômico que passa a ser algo raro... Porque eu já transcendi meu pensamento quando o assunto é você, o meu imaginário não consigo mais transcrever em papéis, o meu corpo tenta fazer o papel da caneta e transcrever o sentir a partir do meu toque em ti. O seu sorriso me deu combustível a transpor tudo que o seu sorriso me faz sentir.
O que é sentir?
Ontem eu estava conversando com um amigo e ele me disse que as palavras são mundanas, mas o sentir é transcendental... Ele não faz parte do mundo. É indescritível. Veja bem: a gente sente um raio cair, a gente sente a água da chuva em nossa pele. Sentimos. Mesmo que não soubéssemos a etnologia da chuva e do trovão, saberíamos que eles existem pelo nosso sentir. Esse mesmo amigo me contou que essa redução das palavras também depende da nossa cultura, ou seja: da nossa mania de ocidentalizar tudo. Até o sentir.  Depois de uns minutos de conversa notei que ele estava falando sobre Foucault.
Semana passada estava em uma aula em que o professor disse algo sobre as palavras serem genéricas e reduzirem a essência do ser. Pensei muito nisso e conclui que era por isso que eu não conseguia escrever algo sobre ti, por maior que fosse a tentativa e por mais dedicada que eu estivesse em falar, nenhuma palavra mundana me satisfaz. É como se tudo perdesse a essência  assim que é exposto no papel. As palavras são genéricas, são quase um objeto tortuoso, elas moldam o que é permitido e possível descrever e descarta aquilo que não conhecemos cientificamente ao ponto de falarmos sobre.
Eu associei a sua voz. A sua voz é poesia que transborda do seu ser, assim como o seu sorriso, - mesmo memorizado em foto- ela, a sua voz, se sintetiza em minha pele enquanto calafrios remontam o meu ser. Mais do que remontam; me fazem expandir... E então percebo que eu já não sou o que um dia fui. Não tem como descartar você desse meu novo eu, não tão genericamente e vagamente.
Eu sou uma construção geral das coisas que eu sinto, eu sou o que criaram de tão mal grado(2013) mas também sou o que não tiveram a intenção de criar e ainda assim me fizeram expandir... Com sensações subatômicas, sorrisos e poesias musicais.
Você é expansão, também é retração quando não quer ser. Você não se cabe em ti, o teu olhar, o teu sorriso e a tua voz se expandem porquê são sobrecarregados demais para se trancafiarem em ti.
Você  pode ser concreta, mas o teu sentir é como uma supernova: ilumina e faz engolir o que se ousar encontrar.
"30/08/2016
[...] Somos eternos corpos celeste navegando no espaço tempo;
uns são como supernovas que iluminam e engolem tudo o que estiver pela frente, outros;
meteoros em busca de planetas para colidirem e causarem mudanças.
Eu sou como um fluído gasoso; inóspito e inconstante"
... Mas dá pra evaporar e encontrá-lo através do ar [...]
- Gabriela Andrade


2 comentários:

  1. que hino de texto que hino de mulher

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    1. mulheres que comentam em blogs em pleno século 2017 e fazem mulheres que escrevem em blog felizes por receber um comentario <3

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